UM CONTO INFANTIL TRÊS


A HISTÓRIA DO CHIMPANZÉ FUJÃO

O chimpanzé morava no zoológico. Vivia uma vida feliz. Vivia uma vida de paz. Muita paz. Harmoniosa convivência com o leão. Lia o jornal todas as manhãs com a zebra.
Sempre acenava para as girafas, que moravam nos andares mais altos dos prédios ao longe, e as girafas sempre retribuíam com um aceno de suas orelhas pontudas.
Certa vez, o hipopótamo convidou-o a visitá-lo, e disse que trouxesse trajes de banho pois iam refrescar-se no pântano.
O chimpanzé infelizmente não pôde comparecer. Estava trancado em sua jaula.
Passada a possibilidade do encontro, o chimpanzé voltou à sua rotineira rotina.
Pela terceira vez naquela semana, chegou o fulano de boné marrom, responsável, dizem alguns, pela alimentação dos habitantes do zoológico.
Ele, o fulano, pela terceira vez naquela semana, abriu a jaula, entrou na jaula, fez uma brincadeira ou outra com o chimpanzé e colocou num canto da jaula sete quilos de frutas, entre bananas, maças e laranjas.
O chimpanzé, pela terceira vez naquela semana, ficou maravilhado com a quantidade súbita de comida à sua disposição mas, por algum motivo que ninguém saberia explicar, o grande macaco não se demorou muito na sua vitamina. Ao invés disso, pregou um olho no seu patrocinador e o outro olho na trava da jaula.
Sem querer querendo, ou pelo menos é o que se imagina em se tratando de um primata, o chimpanzé reparou nitidamente no movimento que fez o fulano com a trava para abrir a jaula.
Meia hora mais tarde, quando o fulano já estava bem longe, o chimpanzé foi até a fechadura. Lembrava exatamente das imagens necessárias para tirar a trava e abrir a porta da jaula. E não fez por menos na sua perfeita imitação do fulano.
Abriu a jaula em poucos instantes e ganhou a liberdade...
Virou a esquerda e deu de cara com o tigre soltando uns grunhidos que ele não conseguia entender. Mas pela cara de espanto do tigre, o chimpanzé sabia que tinha feito algo de novo naquele lugar.
Então, passou pelo tigre, avistou os cavalos comendo capim, as vacas à sua direita estavam pastando, comendo e cagando, e as galinhas não paravam de cacarejar.
Avistou uma placa onde se lia: SAÍDA.
Não entendeu o que estava escrito, mas sua intuição lhe dizia que devia seguir aquele caminho. Quando estava bem próximo da saída, sentiu uns oito braços o agarrando por trás, e uma agulha bem grossa nas suas costas.
O chimpanzé fujão foi anestesiado.
Treze horas depois, o chimpanzé acordou com uma sensação diferente. A adrenalina ainda lhe percorria o corpo.
Achava que...Tinha certeza absoluta que tudo aquilo que ele vivera não havia passado de um sonho, de uma ilusão.

Um comentário:

  1. Querido Seu Molina,

    Esse texto é altamente compreensível.
    Acredito ter sido escrito em outro momento, antes de iniciar sua fase de crítico.
    O senhor deve ter outros textos dessa fase pré intelectual, que podem ser postados em seu blog.
    Aguardo por eles ansiosamente.
    Sua fã... Marcia

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