ARROTO


A explicação terminológica dos terminais explicativos não se obstam por si mesmas somente no prisma categórico das emoções psicofísicas inspiradas no método de Constantin, mas também dentro da abrangência retumbante das ervas daninhas universais em suas excelentes bizarrices mitocondriais.
A chateação gerada das profíquas balanças mancas, ao certo, reconhece-se na base pictórica das camuflagens autoperambulares. Nisso reside o ponto central da questão sistêmica do militarismo ruralista no Rio Araguaia. O caleidoscópio lunar traz detalhe da bandeira norte-americana fincada pelo tripulante da Apollo 11.
Por sua vez, o microscópio flagra a deficiência renal a partir do núcleo da célula do sangue subtraído de um diabético.
Nos Estados Unidos, o Mac Donald´s vendeu bilhões de Bic Mac. E trilhões de coca-cola. Um Yes soltado do diafragma. Cheiro de picles. A visceralidade sustentável é programada com libertinagem proporcional à falta de pudor sociológico.
Os assuntos secretos da diretoria legislativa da capitania hereditária vêm à tona num momento em que a anestesia midiática se faz potente na ludibrio organizado pelos coronéis. O escândalo das equimoses epiteliais da laringe, ao escapar da parede quando o arroto passa em direção ao princípio da língua, é um exemplo da temática pertinente aos jardineiros e mordomos e motoristas pagos pelo Senado Federal. E vice versa.

USP, NOVE DE JUNHO DE DOIS MIL E NOVE – UM ENSAIO SOBRE O CONCEITO DA ESTÁTUA VIVA
(Referência ao triste episódio ocorrido entre membros da comunidade universitária e a força tática da Polícia Militar do Estado de São Paulo)

Se a estátua não se move, a estátua viva, por sua vez, é viva em seu não movimento.
Se imaginarmos uma estátua viva no parque do Ibirapuera, numa tarde de domingo, tirante o fato do chapéu passado, teremos um exemplo perfeitamente hipotético daquilo que se toma como premissa básica do próprio conceito da estátua viva.
Para o domingueiro a passeio no parque, a estátua é imóvel. Porém, se adentrarmos as células e músculos e ossos e sangue e veias e artérias e órgãos e olhos e pulso e ritmo da estátua, veremos que ela está mais viva do que nunca. Um anseio e desejo e necessidade de se fazer notar perante a apatia semântica do funcionário público com seu cachorro, da doméstica e o cobrador de ônibus que levam seus filhos para fazer um piquenique no parque, do juiz de direito que pratica Cooper numa bela tarde ensolarada de domingo de quase inverno.
Tudo isso para trazer à metafórica revelação o episódio dos estudantes da Universidade de São Paulo, e seus funcionários, e seus professores. Transbordamento de vísceras surpreendentes, vibrantes e tonificantes.
A Força Tática da Polícia Militar transfere ao âmbito institucional a responsabilidade de infringir as leis constitucionais de garantias fundamentais dos direitos humanos.
A USP virou praça de guerra. Os escudos e capacetes blindados cuspiam fumaças derivadas das famosas bombas de efeito moral e gás de pimenta malagueta, a mais forte.
O prédio da faculdade de letras e filosofia virou câmara de gás. Não foi bolinho não.
São níveis diferentes de envolvimento cultural, numa explícita, mas deslocada citação aos irmãos Presniakov, em ‘No papel da vítima’.
Como se a reitoria e o governo do Estado e a mídia na sua imensa maioria fossem transeuntes domingueiros que passeiam no parque de domingo de tarde e não enxergam as células e os músculos e as artérias e as idéias e os pulsos e o ritmo e os anseios e os desejos e as necessidades dos estudantes, dos funcionários, dos professores da universidade de São Paulo, que não passam de estátuas vivas aos olhos alheios e indiferentes e desinteressados.
Como manifestação de repúdio absoluto contra a invasão da Polícia Militar no campus da USP, no Butantã, em São Paulo, bem como contra o disparo desenfreado de agressões desconexas contra os estudantes, deixo aqui meu subscrito.
Seu Molina.

NA RUA


Eu vi um cachorro marrom lambendo a água da sarjeta da Avenida Cidade Jardim. Na caranga muitas coisas se perdem. O vulto da vermelhidão semafórica perpetra cintilantemente na faixa listrada um holofote devasso que interrompe o fluxo pneumático do trânsito cosmo lunático.
A luz do poste, que se funde com a lua ao olhar de olhos desenraizados, ilumina a superfície diagonal do estabelecimento precoce da relação biográfica de Marta Suplicy com a mapografia panorâmica da cidade de São Paulo.
A aparição repentina da autosuficiência regida sob a forma de pequenos morcegos ensangüentados translucida, através das travessas e becos diagonais, as transversais atravessadas na noite.
Com o auxílio de uma insígnia supervalorizada e um cano de ferro chumbado, os homens de bonés cinzas andam em seus carros iluminados e barulhentos. Equipados e sempre alertas, a ronda programática é feita diuturnamente sob a égide de sãos padroeiros e correligionários.
Por outro lado, a água que o cachorro vira lata bebia exerce a função, nessa parábola abstemológica, da precariedade sintomática das anomalias urbanas próprias dos elementos caóticos da cidade grande em dias de muito chuva. Sete mil garrafas pet, entre refrigerantes e águas e sucos e iakultes, trezentos potes de requeijão e iogurtes, alguns vazios e outros estragados, e a lixeira suburbana se consome vagarosamente implodindo as fundações palaciais de forma a perdurar para a eternidade a imagem arrasadora da destinação institucionalizada.