O ano novo das tragédias!


Eu acho que sou um otimista. Realmente acredito que o ano será ótimo. Para todos. É como uma metáfora utópica das alegorias transviadas.
Contudo, aos pessimistas, por não conseguir manifestar conclusões próprias, imbuo-me das palavras de José Saramago, que, num rompante de sabedoria igual àqueles do rótulo interior do sonho de valsa, escreveu, em algum lugar do ensaio sobre a cegueira, se não me engano, o seguinte: "(...)É como a vida, minha filha, começa não se sabe pra quê, e termina não se sabe por quê."
Lembro, com um pouco de pena, confesso, das vítimas do terremoto que devastou um país inteiro, Haiti. Que horror. Tragédia pior nem a de Antígona. Ou uma qualquer de Eurípides, ou Ésquilo ou Agamêmnon. Coisa brava, muitos mortos. Bem mais que os gregos antigos. Cinquenta mil mortos. Isso que é tragédia. Um minuto de silêncio. Me despeço. Seu Molina.