O DIABO DE TETAS - uma crítica


Umas diabruras grotescas e bizarras na forma e no conteúdo. Plus radical de cenas hilariantes e esplendorosas, executadas com extremo primor, embora o rigor tenha passado ao largo. As máscaras dialógicas se confundem num misto de maré azul e vermelha, em cujo oceano as embarcações deslizam fumegantes. Supostamente, dir-se-ia que a implantação vertical de sentido abstrato da melancolia cosmopolita e pungente varia nos índices de tangência equinocial. Ora, a radicalização molecular das cápsulas dramáticas não interfere, sobremaneira, nos persuasivos coquetéis molotov, de modo que os atores passeiam levinhos através da história, que vem num primeiro e primordial plano. Sinopticamente, a Pizzoca Ganassa está alheia a todas as qualidades extra terrenas. Hipoteticamente, a realidade, que é uma farsa, se vê atravessada por um diabo de tetas e um outro diabo chifrudo. Mas isso não lhe tira - da farsa – o seu caráter sintético, hiperbólico, claustrofóbico, católico, diabólico. Os diabos deitam e rolam nessa comédia mais do que rasgada de Dario Fo, matematicamente dirigida por Cássio Scapin. E você, espectador, vai deitar e rolar de rir e aplaudir e engasgar-se com o próprio riso, assim como outrora se passou com a tia da amiga da menina da cantina. De tanto rir, engasgou e ficou sem respirar por um tempão e quase desmaiou e sei lá... Acho que essa aí quase morreu de rir. Mas é porque é uma comédia maravilhosa, deliciosa, esplendorosa, majestosa e desastrosa. Venha ver. Fansástico, fenomenal, frontal. Magnífica. Ah, é a turma 58 da EAD. Os meninos estão se formando, não é legal? Tchau. Seu Molina.

Uma reflexão imagética

“Como era possível aquele fechar de olhos, aquela perda de consciência de si próprio, aquele afundar num vazio das próprias horas e depois, ao despertar, descobrir-se igual a antes, juntando os fios da própria vida.” Italo Calvino