RODÍZIO, EM POUCAS PALAVRAS!

RODÍZIO

Rodízio de carne. Rodízio de sushi. Rodízio de carros. Essa questão do horário é algo que...
Uma perturbação culmina na urbanização.
Precisamente, quando as cinco badaladas vespertinas badalarem no coração da terra da garoa, a xenoplacafobia transpirará por todos os poros, inebriando, qual xarope expectorante pulverizado, as ojerizas que os robôs de capacetes amarelinhos infeccionariam, não fosse a metáfora sustentável.
A saída de emergência para cruzar o rio a tempo antes que a câmera flagre o seu número. Ou o robô amarelinho que tem um apito e uma caneta. Ou o GPS. Controle total. Tensão absoluta. Crise. Faltam dez minutos para as cinco badaladas soarem e a distância a ser percorrida é longa. Uma maré de luzes de freios ilumina o horizonte vermelho. Pé no acelerador. Vamos lá. Sai da frente, ô barbeiro!
E faltam sete minutos para a síncope numerológica voltar-se contra si num movimento de auto-acusação, qual uma força magnética entre a lente e a placa.
O semáforo ao longe fica vermelho.
Falta um minuto. Pé no acelerador, vamos lá, sai da frente, ô barbeiro. O ponteiro aproxima-se do marcador imponente ao norte. E o ponteiro, num movimento brusco e repetitivo, vai cortando o vento e fazendo vrum, vrum, vrum, ultrapassa a barreira limítrofe entre o bom senso e a intolerância e dispara o alarme sensorial da perturbação de que falava há pouco.
Cinco badaladas ecoam. O olho procura o sentido. A catarse se inverte numa manifestação de quase pânico, de tal forma que nem se percebera que já cruzara o rio.

Um comentário:

  1. Seu Molina.
    Adorei o texto.
    Me senti no meu cotidiano de terças e quintas-feiras.
    Prefiro outros rodízios, o de carne, de sushi e de pizza.
    Beijos.

    ResponderExcluir