RECREIO NA ESCOLA DE ARTE DRAMÁTICA


O menino da camisa roxa listrada usa calça jeans. A flor pendurada na árvore seca de outono ao fundo está solitária. A menina de cabelo castanho comprido cruza os braços e leva a mão à boca e repete esse movimento algumas vezes, enquanto o menino que fala fino fala ao celular, cuja frente reflete branco sobre o seu adunco nariz.
Agora eles foram embora.
Um chafariz. Muitos sonhos falando alto ao mesmo tempo. Muitos egos ganhando espaço pela grama mal cuidada como sombra no pé de manjericão da silhueta alheia.
O que se acha bonitinho leva um óculos branco acima da testa, prendendo seu lindo cabelo castanho como tiara. O meninão pede um cigarro. Eu não fumo. A do francês passa do lado da árvore amarela enquanto a menina do violão vai embora de carona num lindo corsa alado prata, quatro rodas.
Umas histéricas riem como gralhas parvas de lusidio bico fino.
Vento frio treme os poros e invade a corrente mágica até a caixa de isopor, que faz mandar a mensagem. Menina bonita deixa seu cheiro de perfume doce e de fruta de meia estação no ar. Um pêssego. Talvez um melão, melancia ou nêspera. É hora. Vou-me embora. Tchau.

Nenhum comentário:

Postar um comentário