Tebas - uma crítica!

Imagine uma tragédia. Uma tragédia grega. Imagine uma tragédia grega. Agora, imagine duas tragédias reunidas. Gregas. E se se ouvisse falar em três tragédias gregas juntas, o que se diria? Inexplicavelmente ilógico, irracional, impensável. E quatro tragédias gregas? Quão gregas? Quão trágicas? Pois é. Inacreditável. Um força hercúlea, de apropriação dramatúrgica, de síntese, de bom senso. Foi o que fez o Luís Mármora com a galera da Escola de Arte Dramática da turma 60. E a Lucienne Guedes.
Uma reunião de seis tragédias gregas, adaptadas em dramaturgia palatável para os padrões absorventes da contemporaneidade moderna, traz à tona, no seu conceito menos mítico, intrínseco às relações de razoabilidade sensível da família real em sua conexão direta com a malha divina, o interesse mais puro no sentido catártico da palavra, embora de catártico tal palavra não se imbua.
Mas voltemos a Tebas, onde se passa a trágica narrativa na qual se perdem umas tantas vidas, outras tantas esperanças, alguns anseios, dois olhos, os de Édipo, para ficar só no rol exemplificativo básico, cujo cerne motivacional foi o ápice da transmutação parapsicológica da psicopatologia edipiana, quase tão bem explicada pela funcionalidade psicoterapêutica de Freud, onde o filho come a mãe e mata o pai. Numa sociedade atual, até que soaria tranqüilo. Vide os noticiários sensacionalistas do Datena, por exemplo. Mas, no âmbito da estrutura mitológica do herói, a fúria dos deuses é implacável. Édipo será condenado à pior das prisões. Sem celular nem advogado.
Uma encenação enxuta, objetiva, simpática. Com atores cenicamente fortes. Um bom espetáculo.

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